sexta-feira, 15 de junho de 2007

Como prometido, hora das respostas



Das questões levantadas após o jogo de ontem, acho que já respondi sobre LeBron James, né. Definitivamente, ele não é um enganador.

Agora, vamos às outras.

Pergunta 1 - Estamos diante de uma dinastia?
NÃO. O San Antonio é, inegavelmente, o time da década. Mas o termo dinastia, na minha opinião, só vale quando uma equipe toma a liga de assalto e não abre espaço para os adversários. Dinastia é a do Boston Celtics, com 11 títulos em 13 anos, sendo oito seguidos. Ou a do Minneapolis Lakers, com cinco títulos em seis anos na década de 50. Ou até a do Chicago Bulls, com meia dúzia em oito anos, sendo dois blocos de três. O San Antonio não ganhou dois seguidos. É o time mais dominante dos últimos tempos, mas não uma dinastia.

Pergunta 2 - Duncan é o melhor ala-pivô da história?
SIM. É claro que talento não se conta pelo número de anéis. A conquista de um título vai muito além da capacidade individual. Mas a história de Tim Duncan na NBA, mesmo sem ter chegado ao fim, já supera as de Karl Malone e Charles Barkley. Talvez por uma diferença mínima, mas supera. Duncan é um ala-pivô mortal que vai muito além da função básica. Muita gente vai dizer que foi campeão quatro vezes porque jogou num time vencedor. Eu direi que o time é vencedor, em grande parte, por causa dele.

Pergunta 3 - Foi a final mais chata dos últimos tempos?
SIM. A torcida do San Antonio achou ótimo, claro, com toda razão. Mas para o público geral, não teve muita graça. Foi uma disputa de um time só. Um atropelamento. E a culpa é do Cleveland, não do San Antonio. A decisão de 2005, com o mesmo Spurs batendo o Detroit em sete jogos, foi espetacular, com aulas de basquete dos dois lados. Agora, não. Tirando alguma eficiência defensiva, a velocidade de Tony Parker e a garra de Manu na última partida, não houve nada digno de uma grande final.

Quem é melhor: LeBron ou Ginóbili?



O tema foi proposto na última caixa de comentários, então vamos a ele. Antes de mais nada, uma questão que me incomoda: na hora de comparar dois jogadores, por que é tão difícil elogiar um sem criticar o outro?

Neste caso específico, temos dois craques de bola, com características e funções totalmente distintas. Cada um na sua.

Em termos de qualidade, versatilidade e projeção para o fim da carreira, fico com LeBron. É claro que, ao fazer essa avaliação logo após a final, a tendência é malhar o ala dos Cavs. Ele não resistiu á fortíssima defesa do San Antonio, e terá de agüentar as críticas por isso. Mas não se esqueçam de tudo o que o fez antes disso, as várias atuações decisivas, e com apenas 22 anos. É, sem dúvidas, um fora-de-série.

Ginóbili já rodou o mundo, foi campeão na NBA, na Europa, na Olimpíada. Tem um poder incrível de aparecer bem em momentos cruciais. Só vale lembrar, como já foi dito na caixinha, que a marcação em cima dele é uma; e em cima de LeBron é outra, muito diferente.

Por isso acho difícil comparar. Cada um tem seu papel no elenco, cada um tem suas características. Se eu tivesse que escolher, ainda ficaria com LeBron. Mas eu não tenho que escolher, e nem vocês têm.

Dá para elogiar os dois à vontade.

Não troque de canal

Estamos diante de uma dinastia? Esta foi a final mais chata dos últimos tempos? LeBron é um enganador? Tim Duncan é o maior ala-pivô da história? Prometo revisitar todos esses temas ainda na sexta-feira, com muito mais bate-papo sobre a final. Abraços, e até daqui a pouco.

JOGO 4 - A NBA se tinge de preto e prata



O San Antonio Spurs já tinha vencido finais por 4-3, 4-2 e 4-1.

Faltava a famosa varrida. E ela veio justamente para sacramentar o time do Texas como o melhor da última década na NBA.

A exemplo do que aconteceu ao longo da série, nem foi preciso jogar tão bem para superar o Cleveland Cavaliers. A vitória por 83-82 na casa do adversário garantiu o quarto título da turma de preto-e-prata, graças às flechadas de Tony Parker, aos rebotes de Tim Duncan e ao poder de decisão de Manu Ginóbili. Como sempre, o trio de ferro.

Eleito MVP das finais com absoluta justiça, Parker voltou a passear à vontade no garrafão dos Cavs. Anotou 24 pontos e ainda pegou sete rebotes. Enrolado numa bandeira da França após a partida, o armador era um dos mais felizes com a conquista do campeonato. Com mais um anel no dedo, ele agora trata de arrumar espaço na mão para receber a aliança do casamento com a atriz americana Eva Longoria.

Duncan se deu ao luxo de ter uma noite irregular. Acertou apenas quatro de seus 15 arremessos, terminou com 12 pontos e cometeu seis erros, mas compensou com 15 rebotes e uma boa atuação no último quarto.

A reta final da partida, aliás, foi o território do guerreiro Ginóbili. O argentino foi o cestinha da noite com 27 pontos, sendo 13 no quarto período, e também festejou com a bandeira de seu país.

LeBron James despejou números decentes na quinta-feira, com 24 pontos, 10 assistências e seis rebotes, mas a estatística é enganosa. O craque acertou apenas 10 de 30 arremessos, cometeu meia dúzia de erros e não conseguiu ter controle do jogo em nenhum momento.

O número de passes decisivos de LeBron poderia ter sido maior se os companheiros de time tivessem a mira calibrada - o Cleveland teve aproveitamento de 38% nos arremessos. Após a sirene final, James deixou a quadra rapidamente e sequer falou com Duncan.

Na sala de entrevistas, a frase do pivô ao pé do ouvido do ala foi escutada pelos repórteres: "Em breve, esta liga será sua", profetizou Tim.

Em breve, pode até ser.

Por enquanto, esta é a liga do San Antonio Spurs.

O time da década

Parabéns ao San Antonio Spurs, campeão de 2007 e time mais consistente da NBA nos últimos tempos. Daqui a pouco e volto com a crônica do jogo 4 e os detalhes do desfecho da final.