quarta-feira, 13 de junho de 2007

Qual destes dois tem o time nas mãos?



Nas entrevistas logo após o jogo 3, duas declarações ilustram bem como Gregg Popovich tem muito mais controle sobre os jogadores do San Antonio Spurs do que Mike Brown com a garotada de Cleveland.

Indagado sobre o péssimo aproveitamento nos chutes de três (3-19), Brown fez cara de conformado e disse que cansou de pedir, em vão, que a turma fizesse mais infiltrações e menos arremessos de fora.

Pouco antes, Tony Parker, em tom bem humorado, desculpava-se por ter feito três disparos de longa distância. O francês admitiu que, ao ver uma das bolas caindo, respirou aliviado e chegou a brincar tom Tim Duncan.
Se tivesse errado, confidenciou, levaria uma bronca do treinador.

Três pontos

(1) Nos últimos 17 anos, só duas finais terminaram em 4-0: Lakers-Nets em 2002, Rockets-Magic em 1995. Shaq, aliás, estava em ambas.

(2) A série entre Spurs e Cavs pode estar chata, mas, cá entre nós, tem sido assim há muito tempo. Desde o embate entre Bulls e Jazz em 1998, qual foi a grande final da NBA? A rigor, na minha opinião, apenas uma empolgou de verdade: a de 2005, entre San Antonio e Detroit, disputada em alto nível e decidida no último quarto do sétimo jogo.

(3) Desde que Jordan abandonou o Chicago, foram oito finais, e o Oeste venceu meia dúzia (a vantagem agora deve aumentar para 7-2). Tudo bem que, nos últimos três anos, foram dois títulos do Leste e uma vitória apertada do San Antonio, mas a diferença de qualidade entre as conferências é cada vez mais abissal. Com Oden e Durant indo para o Oeste, sabe-se lá quando esse jogo vai virar.

JOGO 3 - Choque de realidade em Cleveland


O Cleveland Cavaliers teve o apoio da torcida, um quase-triplo-duplo de LeBron James, colaboração efetiva dos coadjuvantes e, de quebra, uma atuação decepcionante do San Antonio Spurs. Nem assim conseguiu ganhar.

E o castigo foi implacável.

Com a derrota por 75-72 na terça-feira, o time de Ohio passa a precisar de um milagre sem precedentes para conquistar o título da NBA.

Melhor para a turma do Texas, que nem jogou tão bem, abriu 3-0 na final e ficou a um passo de levantar o caneco pela quarta vez.

Na terceira partida da série, Tony Parker foi bem marcado e terminou com 17 pontos. Tim Duncan sofreu com a defesa de Anderson Varejão e não passou dos 14. Manu Ginóbili errou os sete chutes que tentou e cedeu sua vaga no trio de ferro a Bruce Bowen, que fez 13 pontos e apanhou nove rebotes. Mesmo sem repetir a eficiência dos primeiro jogos, o San Antonio tratou de cumprir a missão e agora pode fechar o confronto na quinta-feira.

Como sempre, o Cleveland defendeu bem, e ainda contou com os rebotes de Gooden e Ilgauskas - boas surpresas. Mas pecou feio no índice de arremessos. Foram 29 de 79, incluindo 3-19 da linha de três.

O calouro Daniel Gibson, que iniciou a partida no lugar do lesionado Larry Hughes, foi a grande decepção da noite, com dois míseros pontos e uma cesta convertida em 10 tentadas. Ele e LeBron, por sinal, dividiram igualmente 10 tiros tortos de longa distância.

James terminou com 25 pontos, oito rebotes e sete assistências, mas cometeu cinco erros e acertou apenas nove de 23 arremessos.

Varejão fez um trabalho perfeito em cima de Duncan no quarto período, mas comprometeu sua atuação ao não devolver uma bola passada por LeBron nos segundos finais (falo mais sobre isso no texto abaixo).

No fim das contas, o craque dos Cavs teve a chance de empatar com um chute de três. Não conseguiu. No início da jogada, ele sofreu falta de Bowen, mas os árbitros fizeram questão de ignorar (pode descer a página, que tem mais sobre esse assunto).

Resumo: o golpe fatal foi dado. Agora só falta desligar os aparelhos.

Defesa brilhante, lambança marcante


Anderson foi um leão ao defender Duncan nesta terça-feira. Contra Ilgauskas ou Gooden, o ala do San Antonio invariavelmente partia para dentro. Contra Varejão, não. Sempre optava pelo passe no perímetro. Se o Cleveland tivesse vencido, o brasileiro teria sido um dos heróis da noite.

Mas o Cleveland perdeu.

E ele teve sua parcela de culpa.

Tudo por causa de uma decisão absolutamente equivocada no ataque. A 24 segundos do fim, o Cleveland perdia por dois pontos. LeBron tentou driblar Bowen, não conseguiu, passou para Anderson e se livrou de Bowen para receber de novo. Em vez de devolver a bola, o brasileiro partiu feito um louco para cima de Duncan, fez um giro até bonito, mas finalizou com uma bandeja sem equilíbrio.

Erro grave.

Nada disso anula o esforço defensivo ao longo dos playoffs, mas deixa claro que ele ainda precisa aprender a tomar decisões. Sem pânico ou julgamentos precipitados. Aos 24 anos, Vareja só tem a evoluir.

Anote aí o nome dos árbitros

Bernie Fryer, Dan Crawford e Bob Delaney. Agora vamos aos erros:

O GRAVE - Três pontos atrás no placar, o Cleveland deu a última bola a LeBron James. Quando tentou o drible para armar o chute de três, o craque sofreu uma falta claríssima de Bowen. O ala do San Antonio tinha intenção de mandar o rival à linha de lances livres, permitindo no máximo dois pontos. Os juízes fingiram que não viram (principalmente Delaney).

O PATÉTICO - No início da partida, LeBron sofreu uma falta flagrante. Deveria bater os dois lances livres e manter a posse de bola. Mas quem arremessou foi Daniel Gibson, como se fosse uma falta técnica (na qual o time pode escolher o cobrador). Só então os árbitros se tocaram, anularam os pontos de Gibson e mandaram LeBron à linha fatal. Constrangedor.