quinta-feira, 14 de junho de 2007

Afinal de contas, quem é o MVP das finais?



Diante do cenário, é inevitável antecipar a discussão.

E, cá entre nós, só temos três candidatos:

Tony Parker, Tim Duncan e LeBron James (no caso de uma virada do Cleveland, o que só aconteceria com atuações heróicas do camisa 23).

Traduzindo: só temos dois candidatos, certo?

Pelos três primeiros jogos, o mais justo seria dar o prêmio ao francês. Se Duncan levar o troféu, tudo bem, mas vai se repetir a história de 2005, quando Ginóbili merecia ganhar e não ganhou. Parker foi, sem dúvida, a punhalada mais dolorosa para o Cleveland até agora.

Por outro lado, Duncan é o melhor jogador dos playoffs. Se a votação para MVP fosse feita agora, e não no fim da fase regular, o prêmio certamente iria para ele. Aos 31 anos, fez um campeonato brilhante.

Três pontos

(1) Na manhã de quinta-feira, nasceu Bryce Maximus, segundo filho de LeBron James. Papai não vai querer ser varrido na estréia do garoto, né.

(2) A audiência da final continua em queda livre. Do jogo 2 para o 3, houve uma redução de 30% no número de telespectadores.

(3) Ou seja, menos gente acompanhou ao vivo o segundo menor placar da história das finais. Só ganha de Fort Wayne 74-71 Syracuse, em 1955.

Último pedido


Leio no blog do NBA.com: dos últimos cinco times que abriram 3-0 na final, apenas um perdeu o jogo 4 - o Chicago Bulls, que aliás também perdeu o 5 para o Seattle em 1996. Os outros quatro (Sixers 1983, Pistons 1989, Rockets 1995 e Lakers 2002) varreram.

Será que o San Antonio engrossa a fila hoje? Na verdade, pouco importa.

Na prática, a série já está decidida, tanto faz se o Cleveland vencer pelo orgulho ou se for despachado diante da própria torcida. Eu só quero uma coisa:

Um jogo realmente bom nesta quinta.

Quero ver o que ainda não vi: os dois times jogando em alto nível ao mesmo tempo, acertando na defesa e no ataque e nos brindando com um espetáculo digno de uma decisão. Seria ótimo, mesmo na despedida, que este monólogo em preto-e-prata se transformasse num duelo de verdade.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Qual destes dois tem o time nas mãos?



Nas entrevistas logo após o jogo 3, duas declarações ilustram bem como Gregg Popovich tem muito mais controle sobre os jogadores do San Antonio Spurs do que Mike Brown com a garotada de Cleveland.

Indagado sobre o péssimo aproveitamento nos chutes de três (3-19), Brown fez cara de conformado e disse que cansou de pedir, em vão, que a turma fizesse mais infiltrações e menos arremessos de fora.

Pouco antes, Tony Parker, em tom bem humorado, desculpava-se por ter feito três disparos de longa distância. O francês admitiu que, ao ver uma das bolas caindo, respirou aliviado e chegou a brincar tom Tim Duncan.
Se tivesse errado, confidenciou, levaria uma bronca do treinador.

Três pontos

(1) Nos últimos 17 anos, só duas finais terminaram em 4-0: Lakers-Nets em 2002, Rockets-Magic em 1995. Shaq, aliás, estava em ambas.

(2) A série entre Spurs e Cavs pode estar chata, mas, cá entre nós, tem sido assim há muito tempo. Desde o embate entre Bulls e Jazz em 1998, qual foi a grande final da NBA? A rigor, na minha opinião, apenas uma empolgou de verdade: a de 2005, entre San Antonio e Detroit, disputada em alto nível e decidida no último quarto do sétimo jogo.

(3) Desde que Jordan abandonou o Chicago, foram oito finais, e o Oeste venceu meia dúzia (a vantagem agora deve aumentar para 7-2). Tudo bem que, nos últimos três anos, foram dois títulos do Leste e uma vitória apertada do San Antonio, mas a diferença de qualidade entre as conferências é cada vez mais abissal. Com Oden e Durant indo para o Oeste, sabe-se lá quando esse jogo vai virar.

JOGO 3 - Choque de realidade em Cleveland


O Cleveland Cavaliers teve o apoio da torcida, um quase-triplo-duplo de LeBron James, colaboração efetiva dos coadjuvantes e, de quebra, uma atuação decepcionante do San Antonio Spurs. Nem assim conseguiu ganhar.

E o castigo foi implacável.

Com a derrota por 75-72 na terça-feira, o time de Ohio passa a precisar de um milagre sem precedentes para conquistar o título da NBA.

Melhor para a turma do Texas, que nem jogou tão bem, abriu 3-0 na final e ficou a um passo de levantar o caneco pela quarta vez.

Na terceira partida da série, Tony Parker foi bem marcado e terminou com 17 pontos. Tim Duncan sofreu com a defesa de Anderson Varejão e não passou dos 14. Manu Ginóbili errou os sete chutes que tentou e cedeu sua vaga no trio de ferro a Bruce Bowen, que fez 13 pontos e apanhou nove rebotes. Mesmo sem repetir a eficiência dos primeiro jogos, o San Antonio tratou de cumprir a missão e agora pode fechar o confronto na quinta-feira.

Como sempre, o Cleveland defendeu bem, e ainda contou com os rebotes de Gooden e Ilgauskas - boas surpresas. Mas pecou feio no índice de arremessos. Foram 29 de 79, incluindo 3-19 da linha de três.

O calouro Daniel Gibson, que iniciou a partida no lugar do lesionado Larry Hughes, foi a grande decepção da noite, com dois míseros pontos e uma cesta convertida em 10 tentadas. Ele e LeBron, por sinal, dividiram igualmente 10 tiros tortos de longa distância.

James terminou com 25 pontos, oito rebotes e sete assistências, mas cometeu cinco erros e acertou apenas nove de 23 arremessos.

Varejão fez um trabalho perfeito em cima de Duncan no quarto período, mas comprometeu sua atuação ao não devolver uma bola passada por LeBron nos segundos finais (falo mais sobre isso no texto abaixo).

No fim das contas, o craque dos Cavs teve a chance de empatar com um chute de três. Não conseguiu. No início da jogada, ele sofreu falta de Bowen, mas os árbitros fizeram questão de ignorar (pode descer a página, que tem mais sobre esse assunto).

Resumo: o golpe fatal foi dado. Agora só falta desligar os aparelhos.

Defesa brilhante, lambança marcante


Anderson foi um leão ao defender Duncan nesta terça-feira. Contra Ilgauskas ou Gooden, o ala do San Antonio invariavelmente partia para dentro. Contra Varejão, não. Sempre optava pelo passe no perímetro. Se o Cleveland tivesse vencido, o brasileiro teria sido um dos heróis da noite.

Mas o Cleveland perdeu.

E ele teve sua parcela de culpa.

Tudo por causa de uma decisão absolutamente equivocada no ataque. A 24 segundos do fim, o Cleveland perdia por dois pontos. LeBron tentou driblar Bowen, não conseguiu, passou para Anderson e se livrou de Bowen para receber de novo. Em vez de devolver a bola, o brasileiro partiu feito um louco para cima de Duncan, fez um giro até bonito, mas finalizou com uma bandeja sem equilíbrio.

Erro grave.

Nada disso anula o esforço defensivo ao longo dos playoffs, mas deixa claro que ele ainda precisa aprender a tomar decisões. Sem pânico ou julgamentos precipitados. Aos 24 anos, Vareja só tem a evoluir.

Anote aí o nome dos árbitros

Bernie Fryer, Dan Crawford e Bob Delaney. Agora vamos aos erros:

O GRAVE - Três pontos atrás no placar, o Cleveland deu a última bola a LeBron James. Quando tentou o drible para armar o chute de três, o craque sofreu uma falta claríssima de Bowen. O ala do San Antonio tinha intenção de mandar o rival à linha de lances livres, permitindo no máximo dois pontos. Os juízes fingiram que não viram (principalmente Delaney).

O PATÉTICO - No início da partida, LeBron sofreu uma falta flagrante. Deveria bater os dois lances livres e manter a posse de bola. Mas quem arremessou foi Daniel Gibson, como se fosse uma falta técnica (na qual o time pode escolher o cobrador). Só então os árbitros se tocaram, anularam os pontos de Gibson e mandaram LeBron à linha fatal. Constrangedor.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Radar dos craques para o jogo 3

Se não for hoje, não vai ser mais. LeBron precisa jogar tudo que sabe e mais um pouco. Vamos, portanto, às previsões:

LEBRON JAMES
35 pontos, 11 rebotes

TIM DUNCAN
19 pontos, 12 rebotes

O efeito Spurs

Por Fábio Balassiano

O New York Times publicou ontem excelente reportagem mostrando a influência do sucesso do San Antonio Spurs na liga. Citou a chegada do Cleveland à final, dirigido por Mike Brown (técnico) à beira da quadra e Danny Ferry (gerente geral) no escritório. O primeiro foi assistente de Gregg Popovich, e o segundo, jogador da franquia.

O Phoenix, precavido por duas eliminações contra o time texano, contratou Steve Kerr, presente nos dois primeiros títulos da franquia Spurs (1999 e 2003). O Seattle trouxe Sam Presti, auxiliar do diretor R.C. Buford, para ser gerente. Para a mesma função, o Portland pegou Kevin Pitchard, ex-scout do San Antonio que já esteve no Brasil procurando por jogadores.

Resta saber se o modelo de sucesso dos Spurs terá o mesmo efeito sem o principal ingrediente do time três (quatro?) vezes campeão: Tim Duncan.

O cobertor curto



Na última caixinha de comentários, o Bigmanrj propôs o desafio: se eu fosse o Mike Brown, o que faria para "segurar Tony Parker e Tim Duncan, além dos tiros no perímetro dos demais jogadores"?

É só isso que ele quer, coisa simples.

A missão é praticamente impossível, então é preciso definir prioridades e arriscar. Eu, no lugar do Brown (e com o salário dele):

1) Daria ao Anderson mais minutos contra o Duncan e tentaria a dobra na marcação sempre que ele recebesse a bola.

2) Daria ao Snow ou ao LeBron mais minutos contra o Parker e tentaria fechar o garrafão para evitar que ele infiltre após bater o marcador.

É claro que, nos dois casos, a estratégia abriria as opções no perímetro. E aí o jeito é torcer pela mira descalibrada de Manu, Finley, Horry, Bowen, Barry. Em resumo, o Cleveland não tem material humano para cobrir todas as armas ofensivas do San Antonio (aliás, nenhum time da NBA tem).

O risco é inevitável.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Após o 2-0, a vantagem do 2-3-2



Além da eficiência do San Antonio, o Cleveland tem outro inimigo a enfrentar na final: o formato do mando de quadra. O time parte para três jogos em casa e, se quiser ser campeão, convém ganhar todos, como fez o Miami em 2006 após perder os dois primeiros para o Dallas.

No tradicional 2-2-1-1-1 dos playoffs, o Cleveland poderia até perder um dos próximos três, e ainda teria um jogo 6 em casa para empatar a série. No 2-3-2 da final, uma derrotinha que seja nas próximas três partidas significa a necessidade de vencer as duas últimas em San Antonio.

Como este sistema, o time que tem o mando e abre 2-0 em casa fica com a faca e o queijo na mão. No ano passado, o Dallas deixou a faca cair no chão e o Miami abocanhou o queijo. Mas algo me diz que o San Antonio não vai dar o mesmo mole. No pior dos cenários, perdendo os três em Ohio, o time ainda teria o conforto de decidir com dois no Texas.

JOGO 2 - Receita para deixar um francês feliz


Nem Eva Longoria seria tão boazinha.

A final da NBA já está a caminho do jogo 3 e o Cleveland Cavaliers continua fazendo todas as vontades de Tony Parker.

Na noite de domingo, o francês foi ainda mais letal do que na primeira partida e comandou o San Antonio Spurs na vitória por 103-92. Com vantagem de 2-0 na série, o time texano tem meio caminho andado para o título.

Parker deixou as assistências de lado (apenas duas) e liderou as ações no ataque com 30 pontos. Antes do intervalo, fez 16 e ajudou a equipe da casa a dar uma clínica de basquete. Como se não bastasse, encarnou uma espécie de cavalaria-de-um-homem-só no quarto período e jogou água gelada na reação do Cleveland.

Para variar, Tony não esteve sozinho na quadra - os dois outros mosqueteiros também brilharam. Tim Duncan flertou com um triplo-duplo: 23 pontos, nove rebotes e oito assistências (ok, nenhum toco desta vez). E Manu Ginóbili completou o serviço com 25 pontos, seis rebotes e 100% nos lances livres (11-11).

O mesmo banco de onde veio Ginóbili também fez despertar um Robert Horry furioso na defesa. Em busca do sétimo anel, o veterano colaborou com nove rebotes, quatro tocos e quatro assistências.

LeBron James começou o jogo mostrando uma boa dose de agressividade, mas acabou exagerando e logo cometeu duas faltas. O azar do craque desmontou o esquema de Mike Brown, que se viu obrigado a lançar Daniel Gibson antes da hora para formar um trio baixo com Hughes e Pavlovic.

Bem postado, o San Antonio abriu 11 pontos no primeiro período e terminou o segundo vencendo por 25.

A cada risco de relaxamento, Gregg Popovich pedia um tempo e consertava as coisas. Até que, sem Parker em quadra, viu seu time quase entregar os pontos no último quarto. Os Cavs cortaram a diferença, mas não chegaram a ameaçar de fato. Tony voltou e colocou ordem na casa.

LeBron apresentou números bem mais decentes que os do jogo inaugural: 25 pontos, sete rebotes e seis assistências. O aproveitamento de arremessos, contudo, continua abaixo do ideal (9-21), e a meia dúzia de desperdícios custou caro no fim das contas.

Gibson voltou a produzir bem, com 15 pontos, mas não teve a mesma energia defensiva. O titular Larry Hughes saiu zerado em 20 minutos. Anderson Varejão fez oito pontos e foi o maior reboteiro da noite, com 10.

A final migra para Ohio na terça-feira, com três duelos seguidos (ou dois, pelo menos) na Quicken Loans Arena. Faça suas apostas.

Reação animadora, futuro difícil

Pelo menos o Cleveland evitou a tragédia de perder de 40 ou 50 pontos. A reação no quarto período é um alento, mas o desafio do técnico Mike Brown é imenso. Marcar o trio Parker, Duncan e Ginóbili é uma missão praticamente impossível. Daqui a pouco eu volto com a crônica do jogo 2.